

ELE ELA


Estilista... jongueira... universitária... uma mulher de recursos!
Liana é uma dessas pessoas impossíveis de se rotular. Não há como encaixa-la em um quadrado, seu mundo é vasto demais.
Agitada, possui uma fala rápida e cheia de gestos - que denunciam as dezenas de ideias que lhe veem a mente em meio a uma conversa. É capaz de interromper um assunto sobrepondo outro e retornar ao assunto anterior como se nunca tivesse saído dele!
Jongueira! A tradicional dança herdada dos antepassados africanos é uma paixão, um compromisso. Liana acredita que a dança é algo essêncial a vida, admira as mais diferentes formas de dança e a história por trás de cada estilo. Em uma de nossas conversas deixou amostra a sua paixão pelo assunto mostrando com orgulho fotos de uma palestra com sambistas consagrados em estilos diferentes de sambar, e apesar de ser uma exelente dançarina deixa claro: "Eu vivo em uma corda bamba então não é sempre que estou para expressar minha arte de dançar".

Em nossa conversa Liana diz acreditar que dentro do nosso contexto atual como sociedade, é possível ao negro ter uma representação mais expressiva em alguns setores importantes, e que para isso é necessário bastante empenho, sendo enfim esse empenho o combústivel para se querer mais: "Eu faço o possível buscando alcançar metas e sonhos. A minoria das pessoas negras e pobres que são bem sucedidas hoje, não ficaram paradas...persistiram em seus sonhos."
Ela vê como um ponto falho na sociedade a falta de interesse da nova geração de jovens e do povo brasileiro no geral pela história de seus antepassados africanos, por suas raízes: "Nossa cultura é venerada por pequenos grupos de estudiosos, por estrangeiros e por uma parte da comunidade dos terreiros. Estes são engajados, admiram, percorrem os quilombos existentes, conhecem as comunidades e suas histórias. Digo, o jovem de hoje não gosta de ser negro, e com isso não buscam saber de seus ancestrais! Eu amo ser negra, acredito no poder da minha cor, e da grande capacidade que cada um tem independente de ser negro ou não!
Sobre seu estilo, quando questionada se tenta expressar sua etnia ou auto-afirmação nas roupas que usa ela não titubeia:
_Cada um veste o quer e se sentindo bem, segue o estilo que lhe cabe. Eu amo os turbantes, estampas e outros. ..mas sei perfeitamente onda cada estilo pode ser usado.

Liana Conceição


Thiago Labre

É impossível olhar para Thiago e não ouvir Luiz Melodia cantando lá no fundinho de sua mente: Eu sou o Negro Gato de arrepiar/Eu sou o negro gato... Mas diferente da letra da famosa música, Thiago não é um gato qualquer, esse gato tem pedigree!
Atleta, sambista, flamenguista doente como dizem... Thiago é um camarada boa praça de fala calma e pausada, atento ao que os outros dizem. Sempre com um sorriso tranquilizador estampado no rosto, não poupa demonstrar sua afeição pelos outros através de calorosos abraços.
Criado em uma família de sambistas - as festas na casa de seus familiares são muito conhecidas, e toda reunião torna-se festa por lá - ele traz o ritmo no sangue: "Tenho fotos de três anos de idade com o pandeiro na mão!" mas não descarta a batida do R&B (charme) que como diz: "Vem no coração e nos faz viajar!"
Muito próximo aos amigos, que acabam por se tornar uma extensão de sua família, explica que isso o faz muito feliz e que execra seriamente a falsidade: "Fui criado entre pessoas sinceras e verdadeiras, falsidade me causa um grande incômodo!" _ diz.
Bastante antenado com a condição do negro na sociedade, Thiago tem sua opnião:
"Em geral a situação (do negro) melhorou muito sim. Somos vistos com outros olhos, com mais admiração. Infelizmente ainda existem casos isolados de racismo, e isso tem que acabar! Ninguém nasce com preconceito, ele é aprendido na convivência com alguns indivíduos."

Criado em uma família muito unida e extruturada, Thiago é um jovem de convicções fortes e dá seu recado:
"Procurem sempre fazer a sua parte. Sejam verdadeiros com quem esta ao seu redor, pois quando a confiança é perdida jamais é recuperada.
Jesus lutou por milhares, andou com doze e foi traído por um. Orai e vigiai, pois maldito é o homem que confia no outro cegamente!"



L.Black – Como é ser ativista, afro-empreendedora, mãe, artista e manter uma relação saudável no seu casamento? Ainda sobra tempo para namorar?
Sami Brasil - Na verdade a nossa rotina é bem puxada, mas como trabalhamos juntos conseguimos organizar nosso tempo de forma que sobre um tempinho pra nós, apesar de nem sempre conseguirmos. Além disso, contamos com a vovó que nos ajuda com as crianças sempre, graças a Deus! No final das contas o nosso trabalho acaba nos unindo tanto pelas convicções que compartilhamos quanto pelo tempo que passamos juntos.
L.Black – Vocês dois exercem funções parecidas dentro da sua rotina diária. Como começou tudo isso, o seu romance? Vocês já se conheciam ou foi algo casual? Como foi a descoberta do amor e dessas qualidades em comum?
Sami Brasil - Nos conhecemos na Copa de 2002, vivemos um bela história de amor quando mais jovens. Como sempre fomos muito parceiros e amigos acabamos desenvolvendo o que somos hoje juntos. O Antonio foi o primeiro a começar a compor e mandar rap, eu ficava acompanhando, dobrando. Em seguida comecei a escrever e não cantava... Ele me encorajou a cantar minhas composições e assim o Consciência Tranquila foi ganhando forma. A produção cultural veio com a necessidade de produzirmos o nosso trabalho, e é bem bacana analisar que mesmo trabalhando juntos acabamos atuando em segmentos diferentes: ele mais com Bandas independentes e eu com eventos culturais principalmente ligados a cultura afro-brasileira. Eu sou formada em Administração e ele é advogado, porém o nosso propósito com a música sempre foi a contestação social, e isso acabou se tornando mais forte em nossas vidas. Com a ascensão da Botacara e do Consciência, parte de nossos sonhos vêm se concretizando e essas qualidade que acabaram surgindo e se desenvolvendo mutuamente se tornaram a nossa profissão e meio de vida.
L.Black – Há um senso comum entre as pessoas de que passar boa parte do tempo juntos cria uma relação monótona, no caso de vocês parece ser o contrário, há um clima de cumplicidade. Você acredita que ajuda essa proximidade entre o casal, praticar atividades parecidas?
Sami Brasil - Pra nós isso é muito comum, nossa relação sempre foi assim, pois mesmo quando trabalhávamos em lugares diferentes sempre procuramos ficar juntos o tempo todo. Acreditamos no que fazemos e o fato de estarmos lutando por um mesmo ideal fortalece a nossa cumplicidade e interdependência. Se engana quem pensa que concordamos em tudo, quando o assunto é trabalho discordamos quase que o tempo inteiro!! Rs
L.Black – O que é a família pra você? E o Antônio, ele dá muito trabalho? Como é ser parceira, mãe e amante dele?
Sami Brasil - Pra mim família é tudo! Fui criada em uma família de 6 irmãos e sempre fomos muito unidos. Na nossa casa também impera a união e o respeito graças a Deus! O Antonio, assim como todo marido dá um pouquinho de trabalho sim! RS. Mas eu gosto de ser dona de casa, adoro cozinhar e cuidar dele e das crianças, ele é um ótimo companheiro!
L.Black – Como começou a black music pra você, o rap foi o primeiro amor ou veio depois do Antônio?
Sami Brasil - O Antonio veio antes e trouxe o rap! RS Sempre curti dançar passinhos, charme, R & B e hip hop, mas o Rap foi avassalador, pois apareceu quando eu tinha 17 anos e nessa fase da vida você precisa revolucionar! Nomes como Sabotage, Nega Gizza, MV Bill, SNJ e RZO me inspiraram a me tornar rapper e usar essa arte como minha forma de expressão.
L.Black – E aí? O Baile Black Bom tá planejando alguma surpresa nesta edição do mês dos namorados?
Sami Brasil - Faremos uma promoção para os Namorados nesse mês de Junho!!


Antônio Consciência
Sami Brasil
L.Black – Você sempre passa uma imagem muito régia, responsável e consciente. Ser chefe de família, líder de banda, empresário traz a tona essas qualidades ou você sempre foi assim?
Antônio Consciência - Eu sempre tive uma postura de liderança e muitas vezes ela aconteceu naturalmente. Acredito que a liderança está na persistência, se você se envolve de cabeça acaba que se envolve mais que outros e aí sua imagem se afirma como líder e todos confiam em você.
L.Black – Como é pra você ter sua companheira do dia a dia dividindo as tarefas, militando junto as mesmas ideias, literalmente lutando as mesmas batalhas?
Antônio Consciência - Ter a Sami como companheira é sensacional, porque as pessoas acreditam que damos muito certo por termos os mesmos pensamentos, aí que se enganam, damos muito certo porque pensamos na totalidade igual, mas nos pormenores o bagulho fica louco, ela pensa uma coisa e eu outra e debatemos até um de nós ter o melhor argumento.
L.Black – Você é romântico? Faz aquele tipo cantado por Roberto Carlos ou é mais do tipo tímido, daqueles que preferem agir do que falar?
Antônio Consciência - Não sou muito romântico, sou um cara muito ligado a toques e sensações pra atingir o amor de minha amada, odeio mimimi cut cut, curto ser o homem dela e ela ser minha mulher, nada de bebezinho e vice versa, o lance é sempre ter a paixão e o prazer aguçado. Outra forma de demonstrar amor é sendo o melhor homem pra ela, ter o orgulho dela nos meus atos, pois se tenho atitudes românticas seguido de atitudes falhas como homem nada adianta no meu modo de ver.
L.Black – Acredita que nos dias de hoje ainda há espaço para o romance, a galera esta ligada nisso?
Antônio Consciência - Há espaço sim. Existem diversas formas de demonstrar isso, cada um tem a sua de acordo com a pessoa, clima e relação que leva.
L.Black – E o rap? Hoje vemos uma grande quantidade de rappers novos que preferem focar suas letras em músicas ligadas ao romance, o que você acha de rumo que a nova geração esta tomando? Ainda há espaço para o rap que aborda o cotidiano do cidadão comum, ou para o rap de protesto?
Antônio Consciência - O rap não tem limite. Uma das minhas canções chamada Liberdade retrata isso, principalmente se tratando de rap que é uma coisa muito pessoal, você retrata o que quer e tem a possibilidade de ser criticado e se defender por ele mesmo, isso é rap, liberdade de expressão. Eu já abordei todos os assuntos possíveis e devo abordar muito mais, se Deus permitir.
L.Black – Como começou para você a música e o ativismo? E em que momento a Sami entrou na sua história?
Antônio Consciência - O rap entrou na minha vida no C A no colégio quando eu fazia paródias de músicas existentes americanas, isso com meus 5 anos de idade. Profissionalmente quando ouvi Sabotage, Snj, MV Bill, Nega Gizza que pra mim uma das mais importantes personalidades dentro do rap e da música em si. Você pode perceber que o que me chamou a atenção foi que todos esses artistas tinham muito conteúdo e são politizados, isso me fez ser rapper, falar o que acredito e contestar. As músicas antigas também, o funk 70 me preparou melhor como rapper, acredito que para você estar pronto em letra, flow, atuação, dicção e musicalidade tem que conhecer bem black antigo como soul, funk 70,80, R & b, se você não conhecer se torna um Mc ainda a se encontrar. A Sami gravou comigo em 2003 uma música chamada Usuários da propina que retratava a relação entre usuários, policiais e traficantes, a música deu o que falar e daí em diante eu incentivei muito a Sami a escrever e deu no que deu.

Eles são parceiros!
Dividem sonhos e expectativas, exalam em suas falas a seriedade e o comprometimento que tem com seus projetos, seus ideais.
Para a seção ele e ela deste mês tão especial para os casais, entrevistamos a dupla que é linha de frente da Botacara produções, da Banda Consciência Tranquila e que com uma maravilhosa equipe faz acontecer o Baile Black Bom, hoje em duas frentes - Na Pedra do Sal no Centro do Rio e no Sesc de Nova Iguaçu!
Ativismo cultural e social. Música. Família. Rap! Vamos conhecer mais um pouco de Sami Brasil e Antônio Consciência!
Para saber mais sobre a promoção do dia dos namorados citada pela Sami, acesse no facebook:
www.facebook.com/baileblackdapedradosal
Acesse. Leia. Participe!


L.Black - Você é formada em direito, exerce advocacia e trabalha em uma grande fornecedora de equipamentos ligados a indústria petroleira, portanto tem uma boa colocação no mercado de trabalho. Como você vê a situação da mulher negra, já que de acordo com as pesquisas de senso, há uma grande dificuldade de gênero e etnia para as boas oportunidades de emprego assim como também uma remuneração desigual em comparação as mesmas colocações no mercado frente a outros gêneros e etnias. Você concorda com estas pesquisas?
Giovana - Entendo que ao mesmo tempo em que há uma carência nestas contratações em relação ao gênero, há também uma carência de negros e negras realmente qualificados para assumirem determinados cargos em nossas grandes organizações. Penso que isto seja sobretudo, um reflexo de nossa realidade, consequência das ações traçadas lá atrás para os nossos antepassados. É bem verdade que não nos consultaram, simplesmente nos foram impostas estas condições. No entanto, percebo que está ocorrendo um processo de valorização/qualificação precioso do negro em nosso país, estamos aos poucos caminhando para uma maior consciência principalmente através do conhecimento da nossa real história, algo que nos havia sido negado, por muitos e muitos anos, ou seja, há esperança sim.
L.Black - Gerou uma grande polêmica nas redes sociais a criação do dia de Teresa de Benguela e da mulher negra. A ação foi considerada por muitos como uma jogada oportunista por parte do governo, outros a viram como uma espécie de preconceito em detrimento de outras etnias. Você acha positiva a criação de politicas afirmativas como datas comemorativas e cotas? O que você acha que a criação do dia da mulher negra no Brasil em conformidade com outros países latinos, que comemoram no mesmo dia (25/7) o dia da mulher negra e caribenha pode trazer de mudança real no consciente da população brasileira e da própria homenageada, a mulher negra?
Giovana - Veja bem, só para entendermos do que estou falando quando afirmei que nos negaram o conhecimento de nossa verdadeira história. Eu não sabia da existência do dia da Mulher Negra, obtive este conhecimento no domingo 20/07 quando participava do 7º Encontro de Juristas Negros, pois até aquele momento não sabia que havia um dia destinado a reflexão da importância do papel da mulher negra. Penso que seja de suma importância a instituição destas datas sim, precisamos nos lembrar de quem fomos, do que somos, para que sejamos aprimorados no futuro.
Em relação às cotas faço minhas as palavras da Desembargadora Dra. Ivone Caetano: “Sempre houve cotas neste país, porém 100% delas para os brancos”. Penso que este país deve muito aos negros que foram e ainda são os grandes responsáveis por extrair as riquezas desta nação, sendo que é importante frisar um detalhe: eles não extraíram riquezas para si... Portanto, afirmo: COTA É POUCO!!
L.Black - O povo brasileiro é muito preconceituoso ou o negro no Brasil tem complexo de vitima?
Giovana - O povo brasileiro é extremamente preconceituoso e o negro brasileiro cansou de sofrer preconceitos velados, resolveu gritar! Muitas vivem a negação do “Ser Negro”. Desta forma, não há que se falar em complexo de vítima e sim em uma negação de sua própria condição/identidade, talvez por uma questão de sobrevivência, não dá para julgar. Minha Avó dizia: “Quem sabe o calor da panela é a colher que mexe”, ou seja, não dá para julgar o fato de vivermos uma certa negação do “Ser Negro”, pois repito, pode tratar-se de pura estratégia de sobrevivência.
L.Black - As politicas afirmativas devem continuar?
Giovana - Estas políticas são importantes sim. No entanto, elas devem ter um prazo certo e predeterminado para o seu fim, pois caso contrário estaremos diante de esmolas e não é isto o que temos em mente para um povo que quer ser livre. Estas políticas devem continuar até a inserção do negro nos lugares estratégicos em nossa sociedade e ponto.
L.Black - Recentemente você participou de um encontro de juristas negros, qual foi a sua impressão? O que mais lhe marcou?
Giovana - Na verdade tive a constatação, de que os grandes movimentos políticos e sociais no mundo, muitos deles foram iniciados/alavancados por juristas inconformados e é este o objetivo deste Grupo de Juristas Negros Luís Gama, a proposta básica é a conscientização/recrutamento/treinamento de novos juristas. Este 7º Encontro foi Marcante por estar presente conosco a Desembargadora Dra. Ivone Caetano e a Delegada Dra. Liliane, foi um bate papo informal e percebi que há entre nós o sentimento de sermos irmãos. A Dra. Ivone deixou bem clara qual deve ser a nossa postura em relação aos nossos pares: não a de julgar, mas de ajudar/auxiliar/conscientizar. Repito temos que conhecer a nossa verdadeira história.
Ressalto que a Dra. Ivone Caetano é a 1ª Desembargadora Negra no Rio de Janeiro, no entanto, ela completará dentro de alguns meses 70 anos de idade o que gerará a sua aposentadoria compulsória, enfim, não é fácil ser negro neste país! Por mais preparado que você seja! Eles colocaram a Dra. Ivone na lista estrategicamente para que ela não pudesse ter de fato atuação como desembargadora no judiciário carioca. É trágico, mas é a pura verdade, daqui a alguns meses não mais se ouvirá falar da desembargadora negra, pois esta ainda é uma função de brancos neste país.
Aproveito a oportunidade para deixar um aviso para todas as Mulheres Negras: você é muito mais do que um pedaço de carne preta! Não se diminua, valorize-se! Se alguém quiser qualquer coisa contigo, terá que respeitá-la. Você é Especial e não é um pedaço de carne ou uma pele linda. Você é Bela por ser humana, que fique entendido!
Giovana é uma dessas raras mulheres que marcam o seu tempo!
De uma beleza ímpar, chama mais atenção por sua postura firme e por sua personalidade forte do que por suas aptidões físicas! Contestadora, inteligente, protetora, tem em sua pauta sempre preocupações sociais e políticas, mas não desdenha do cuidado espiritual e mental daqueles que a cercam. Ama dançar e afirma que não nasceu para os esportes, apesar de sentir necessidade deles na sua rotina!
Há algum tempo decidiu sair da casa da mãe e morar sozinha, mas “seu canto” nunca esta vazio! Familiares e amigos constantemente fazem do lar de Giovana seu lugar de descanso e encontro!
Atualmente anda aficionada pela famosa série de livros do escritor George RR Martin, Crônicas do Gelo e do Fogo, e já elegeu a família Lannister como os vilões da vez.
Nesta entrevista, Giovana revela um pouco do seu lado ativista e de suas convicções sociais, e mostra mais uma vez que traz em si a marca de mulheres como Dandara, Teresa de Benguela, Ivone Caetano, Luiza Mahin, Rosa Parks, Lélia Gonzalez entre outras negras históricas, mulheres guerreiras que também marcaram o seu tempo




Jandir Luiz
Do alto dos seus 1,93 metros de altura e mais de 100 quilos (105 fora de competições e 100 nelas) Jandir é um cara que a primeira vista assusta bastante! Mas cinco minutos de conversa e você se afeiçoa rápido por esse amoroso gigante!
Com um coração proporcional ao seu tamanho, Jandir é um cara que encanta. Inteligente e divertido, esse professor de matemática derruba as estatísticas e prova que a mente pode ser tão bem cuidada quanto o corpo! Jandir é o Mister Rio! Bicampeão estadual (2013/2014) de fisioculturismo pela FCCF-RJ(Federação Carioca de Culturismo Musculação e Fitness), e suas aptidões deixam para qualquer um uma curiosa questão: qual é a área em que mais ele gosta de atuar? Como professor de matemática ou como atleta fisioculturista? Durante o bate papo que tivemos cheguei a conclusão de que Jandir é o tipo de cara que inspira pelo exemplo, e como tal, em tudo que se envolve dedica-se 100%. A verdadeira paixão do cara é a vida, e como um amante da vida, se amar é a fórmula que resolve todos os problemas!
Jandir Luiz - Eu gosto de ser uma referência, sempre busco isso enquanto professor, pois como disse anteriormente quero contribuir de alguma forma para a melhoria da sociedade, e ser um bom exemplo profissionalmente já me ajuda. Agora não posso negar que me assusta às vezes e também não tenho noção do que essa referência significa para os iniciantes, mas tento sempre ser um bom exemplo em todos os sentidos.



L.Black - Você é professor de matemática e fisioculturista, são duas atividades que exigem grande disciplina mental e física, como se iniciaram estes caminhos em sua vida? E porque o fisioculturismo?
Jandir Luiz - A escolha por ser professor se deu pelo fato da família, por parte de mãe, ter em sua maioria professores. Minha mãe foi a minha alfabetizadora em casa e eu fui aprendendo e tomando gosto por lecionar. Assim como ela, acredito que pela educação eu possa colaborar de alguma forma contribuir com a sociedade.
Já o fisiculturismo veio por influencia de um grande amigo e professor de educação física, Gabriel Maciel, que acreditava que poderia me desenvolver a ponto de competir. Com o passar das conversas comecei a acreditar e me tornei adepto desta arte. Vale lembrar que sempre vem agregado o bem estar físico e mental.
L.Black - Foram meses de muita preparação, privações e esforço sobre-humano até a conquista do título (Mrs.Rio). Você chegou a pensar em desistir? O que lhe manteve no foco?
Jandir Luiz - Pensar em desistir não, até porque nunca fez parte da minha vida a desistência, muito pelo contrário, a superação é o que me motiva. Com toda certeza a confiança das pessoas que estavam comigo, muita das vezes eu me superava por elas e principalmente pela minha esposa Andreia Rodrigues, sem ela nada disso seria possível somente por elas pude manter focado e objetivado.
L.Black - Pesa muito a idéia de que como atual campeão estadual você tenha se tornado uma referência para os iniciantes?
L.Black - Existe falta de incentivo a prática do fisioculturismo como esporte no cenário atual?
Jandir Luiz - Sim totalmente, pois historicamente falando está sempre ligado ao uso de substâncias dopantes ou ilícitas, contudo com o uso das novas tecnologias isso já está mudando bastante. Falta muito, mas vamos chegar lá.
L.Black - Qua é a sua percepção sobre a forma como os seus alunos o veêm?
Jandir Luiz - É engraçado isso, muito me vêem como se fosse um artista e é um custo danado fazer com que acreditem que não mudei, muito pelo contrário sempre mantendo a humildade e simplicidade.
L.Black - Quer mandar um salve para alguém?
Jandir Luiz - Quero mandar um salve primeiramente para você meu nobre irmão por abrir esta oportunidade de contribuir com os amantes dos esportes em geral. Meu treinador e amigo Yago Romão, meu nutricionista Diego Veiga, a todos da academia Romão, meu amigo Anderson Magalhães que me ajuda a manter a minha Page no Facebook e a minha linda esposa Andreia Rodrigues.
Obrigado meu amigo. A luta continua.
Acompanhe as atividades, dicas e novidades do atleta Jandir Luíz através de sua página no Facebook: Jandir Luiz Atleta e de seu instagram : @janjaoluiz.


Angélica Fernandes
Moradora de São Gonçalo e dona de raríssima e singular beleza, Angélica demonstrou durante a entrevista que possui uma sensibilidade intelectual antenada com o seu momento e a realidade que a cerca. Quando questionada por ser uma modelo negra residente distante dos centros de efervescência de moda e mídia, a resposta vem de pronto: “O sucesso profissional é difícil para todos.“ diz Angélica. Mas considerando as dificuldades enfrentadas na jornada em busca do sucesso profissional ela entende que “ Para algumas pessoas o sucesso chega bem mais rápido que pra outros que estão na luta por aí, e é por isso que não acho que por ser difícil, vou me esconder ou me fazer de vítima. É só não desistir daquilo que queremos.
Mesmo entendendo que a profissão de modelo é uma área bem difícil de seguir e que no Brasil oportunidades de trabalho para estes profissionais são ainda mais complicadas, Angélica enxerga razões para comemorar e se orgulhar do momento atual, em que o mercado tem se aberto para modelos negros: “Temos que nos orgulhar disso, pois anos atrás era escassa (no mercado) a quantidade de modelos negros, e hoje em dia você já os vê bastante e isso é muito bom. Entendemos que estamos buscando nosso lugar na sociedade, que ainda, infelizmente, tem muitos preconceitos. Por isso, a minha opinião é de que devemos nos orgulhar de ver as coisas mudando e partir em busca mais e mais desse crescimento”.
Ao ser questionada sobre como é o seu dia a dia? O que faz ou pratica para manter a forma e a beleza, Angélica se mostra uma pessoa de costumes simples e saudáveis: “Sou uma mulher bastante vaidosa, mas não vou a academia, por não gostar. Eu gosto de dançar. Faço ballet desde pequena, e já fiz jazz. Não sou fissurada em ter corpo perfeito, mas me cuido, sempre que posso estou dançando.”. Entre os projetos futuros estão em sua lista dedicar-se a faculdade de Odontologia, que para ela é um sonho a ser realizado.
Ao fim da entrevista, ainda tivemos o prazer de receber um conselho para as meninas que pretendem investir também na carreira de modelo:
“Não desistam do que querem, se quiserem mesmo, corram atrás. É difícil, mas quando se quer, um dia vai acontecer. Muita força e luta que assim alcançamos nossos objetivos.”


